Compreensão do Sistema de Escrita

 Compreensão do sistema de escrita   

 

Muitas vezes, quando os pais matriculam suas crianças na escola, mesmo os pequeninos, eles cultivam o desejo de vê-los lendo e escrevendo corretamente o mais rápido possível. Mas como é grande a frustração quando percebem que os seus filhos não correspondem imediatamente a sua vontade. Mas será que você, mamãe, papai ou responsável, sabe quais e em que consiste os períodos da compreensão da escrita? Você sabe como se desenvolve essa habilidade?

Neste artigo, tentaremos esclarecer de maneira simples e direta como esse processo ocorre e, principalmente, apontaremos caminhos possíveis para que você possa ajudar o seu filho a tornar essa jornada cada dia mais divertida e estimulante.

De acordo com a Psicóloga e professora construtivista, Emília Ferrero e a Pedagoga espanhola Ana Teberosky, no livro “A psicogênese da língua escrita” (1979) a compreensão do sistema de escrita é dividida em 4 períodos: o pré-silábico, o silábico, o período silábico alfabético e por fim, o período alfabético.

O período pré-silábico é subdividido em duas fases.

A primeira é determinada pela compreensão que a criança tem de que a comunicação pode ser feita de outra forma além da oral. Então, através da imitação a criança começa a rabiscar, é o que chamamos de “garatujas”. 

  na segunda, os pequenos percebem que desenhos e letras são caracteres diferentes e que para escrever eles precisam de letras  Nessa fase é muito comum que a criança escreva algo que é grande com muitas letras e algo que é pequeno com poucas porque foi essa a relação que ela fez naquele momento.

Aqui ainda não existe a relação grafema fonema, letra com som. Ela apenas usa os mesmos códigos que nós usamos, as letras.     

Durante o período silábico as crianças começam a perceber que as palavras são constituídas de partes sonoras. E que cada fragmento pode ser representado por uma única letra. Aqui também existe uma subdivisão, na fase Silábica sem valor sonoro, a criança compreende que para cada som existe a representação através de uma letra. Quando ela passa a fazer a correspondência com o som, a criança passou para a fase silábica com valor sonoro.  Por exemplo, a palavra gato que a criança escreve ho. Houve aqui uma representação do som da letra h (aga) e a letra o, representando o to. Perfeitamente correto para essa fase.

 

Já o período silábico alfabético é o momento de transição, quando a criança começa a sair do período silábico para o alfabético.  Ela percebe que precisa de mais de uma letra para cada parte da palavra. A partir daqui ela começa a introduzir mais letras na palavra chegando mais próximo do correto.

Observe o exemplo abaixo:

1.      JABTCBA

2.      AMEX

3.      CAQ

4.      ADROCOMCAQ

 

Finalmente, no período alfabético a criança está bem perto da escrita convencional, mas ainda não é perfeita. Observe:

 

Este negosso das pipa Esta cada vez mas pirigo Eu que ria que paracê de vend cerol porque esta cada vez matando pessoas por favor não soute pipa comfia na sua mamãe quando ela falar para não sutar pipa não soute antes eu soutava pipa e meu pai falou não soute pipa ai Eu parei oje sou um garoto feliz.

 

Só na fase ORTOGRAFICA, quando eles estiverem no 2º ano, de acordo com a BNCC, é que a criança compreenderá e começará a aplicar os diferentes sons do x, do rr, do ss, dos dígrafos, e no 3º ano, a escrita se tornará ainda mais complexa com o uso adequado das regras da língua portuguesa.

Assim, é possível dizer que a alfabetização é um processo que não começa e nem termina no primeiro ano.

Cada hipótese de escrita da criança nesse momento deve ser bem acolhida.  Não faça comentários como: ”Não estou entendendo nada”, “Tá errado!”, “Preste atenção! Estão faltando letras aqui.”

Ao contrário, motive-a. “Que lindo o seu bilhete”, “Leia para mim o que você escreveu.”

Comemore sempre cada avanço que a criança apresentar. Não a iniba. Estimule-a, fazendo com ela atividades criativas dando uma função social a escrita. Peça a ela que faça sua lista de compras, bilhetes para lembrar alguma tarefa e prender na geladeira, faça pistas para brincar de caça ao tesouro.  Leia muito para ela. As letras moveis são grandes aliadas, com elas é possível escrever palavras inteiras ou deixar lacunas para que a criança a preencha experimentando as diferentes possibilidades de palavras com a troca de uma letra ou da posição das sílabas.

É preciso que se tenha consciência de que a escrita é uma habilidade aprendida, ela não é natural como a habilidade de andar, falar ou respirar. Assim, se a família puder ser facilitadora desse processo estimulando e motivando o aprendiz esse processo se tornará mais prazeroso e leve para todos os envolvidos.



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