ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA - Como abordar essa linguagem nos anos iniciais
ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA - Como abordar essa
linguagem nos anos iniciais
Bruna Coutinho
Souza
A palavra “alfabetização” nos traz,
a princípio, uma ideia de dominar o processo de aquisição da leitura e da
escrita na língua materna, entretanto, quando pensamos em alfabetização
matemática, entendemos que a linguagem matemática é uma ferramenta fundamental
para a leitura e interpretação da realidade.
O conceito de alfabetização
matemática apresentado por Ocsana Danyluk (1998, p.1) é:
“Refere-se
aos atos de aprender a ler e a escrever a linguagem matemática usada nas
primeiras séries da escolarização. Ser alfabetizado em matemática é entender o
que se lê e escrever o que se entende a respeito das primeiras noções de
aritmética, da geometria e da lógica”.
Entendemos a alfabetização matemática
como a ação inicial de ler e escrever matemática, ou seja, de compreender e
interpretar seus conteúdos básicos, bem como saber expressar-se através de sua
linguagem específica.
Os anos iniciais são de grande importância
para o educando, pois é nessa fase que as bases para os demais anos escolares
são construídas. Costuma-se ter a idéia de que primeiro é preciso garantir a
inserção nos processos de leitura e de escrita para depois desenvolver as
noções matemáticas, quando na verdade as crianças já convivem com idéias
matemáticas muito antes de iniciarem na escola, visto que, muitas desenvolvem
conceitos simples sobre espaço, quantidades, tamanhos e operações nas suas
interações diárias com o mundo.
No primeiro ano é comum que o professor,
por considerar como prioridade a aprendizagem da linguagem materna, restrinja a matemática a
exercícios de memorização e de treino da grafia dos números, como por exemplo
pedir para os alunos escreverem no
caderno os números de 1 até 10.
É possível que o aluno possa escrever a
sequência e não conseguir associar o número a uma quantidade, pois ele somente
aprendeu a memorizar a sequência dos números. Atividades como essa limitam os
números a um enunciado ordenado de signos e palavras sem relação nenhuma entre
si, além de exigir uma abstração desnecessária do aluno.
A abstração deve ocorrer de forma
gradativa, onde o trabalho com a relação entre situações concretas e as noções
matemáticas resultará na formalização desejada.
Atualmente, a maioria das aulas de
matemática são sile
nciosas e sem muito diálogo, onde o professor explica o
conteúdo, determina regras e depois passa uma sequência de exercícios para os
alunos aplicarem o que foi dito, sendo um conteúdo, em sua maioria, deficiente
de significado e que não tem nenhuma aplicação ou contextualização.
Nesse sentido, a concepção que o aluno pode
construir sobre a Matemática é a de que se trata de “verdades que caem do céu”
sem justificativas ou provas e que devem ser aceitas. Em sala de aula,
dificilmente o estudante experimenta situações de investigação, exploração,
questionamento e reconstrução, pois não existe uma conexão entre a matemática
aprendida na escola e a matemática da vida cotidiana. Em consequência, é
considerada uma disciplina difícil.
Para abordar essa linguagem nos anos
iniciais, o trabalho deve ser pautado em três segmentos: contextualização,
historicização e enredamento. Trata-se de dar sentido à aprendizagem situando o
conhecimento matemático no contexto de sua aplicação, no contexto histórico de sua
construção e de envolver o aluno na construção do conhecimento.
Os materiais manipuláveis são
objetos que auxiliam o aluno, com o intuito de trabalhar conceitos matemáticos
a fim de facilitar a compreensão.
A médica e educadora Maria Montessori,
desenvolveu vários materiais manipuláveis, através de suas experiências com
alunos portadores de necessidades especiais. Posteriormente, ela notou que
esses materiais poderiam ser utilizados com outros estudantes. O seu material
mais conhecido é o material dourado, constituído a partir de pequenos cubos ou
cubinhos, que representam a unidade; de barras, que são formadas por dez
cubinhos, representando uma dezena; de placas, que são constituídas de dez
barras, representando uma centena; e do cubo formado por dez placas, que
representa uma unidade de milhar.
Quando levamos estes recursos para a
sala de aula, é necessário um bom planejamento de acordo com os objetivos
didáticos que a turma necessita, por exemplo, o material mencionado
anteriormente é ideal para fazer uma abordagem sobre o sistema de numeração
decimal e operações com números naturais.
Por fim, a utilização de materiais
concretos é fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança, auxiliando
na aprendizagem e para que a disciplina não seja tão abstrata.
Referências
ALVES,
Luana leal. A matemática nos anos
iniciais. Universidade federal de pelotas.
2016
DANYLUK,
Ocsana. Alfabetização matemática: as
primeiras minifestações da escrita infantil. Porto Alegre: Sulina, 1998.
SOUZA,
Kátia do Nascimento Venerando. Alfabetização
matemática: considerações sobre a teoria e a prática.
CUNHA,
Francisco Gêvane Muniz e LIMA, Ivoneide Pinheiro de. Laboratório de Ensino de
Matemática, Fortaleza: CE, 2011
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